Agronegócio X Agrofloresta

17/11/2022

O Paraná é um dos estados que possuem a maior influência no agronegócio brasileiro. Quatro cidades paranaenses estão entre as mais destacadas nesse setor: Guarapuava, Toledo, Tibagi e Cascavel. Entretanto, há diversos fatores que indicam o agronegócio como um processo não sustentável, por conta das tecnologias e dos procedimentos direcionados em produzir mais, nem sempre atentando às questões ecológicas.

Foto/Reprodução: Agrichem


AGRONEGÓCIO NO PARANÁ: EXPLORADOR DOS RECURSOS NATURAIS

Por Isabelle Marinho

O agronegócio é uma das áreas que mais se sobressaem na economia brasileira, com exportações para diversos países e nações. Entretanto, com tanta tecnologia e processos para aumentar a produção, o agronegócio não se encaixa como algo sustentável ao meio ambiente, pois, de acordo com o pesquisador Hildo Meirelles de Souza Filho, "a política de crédito rural induziu à adoção de um padrão tecnológico que veio acompanhado de degradação ambiental e ruptura social".

Essa forma de agricultura é baseada em pacotes tecnológicos, que têm como finalidade aumentar ou manter a produtividade das lavouras com a entrada no sistema de produção de insumos químicos sintéticos, por exemplo. Esses produtos foram, primeiramente, os fertilizantes sintéticos, os chamados NPKs (Nitrogênio, Fósforo, Potássio), formulados artificial e sinteticamente. Posteriormente, isso evoluiu aos agrotóxicos, que muitos defensores do meio ambiente chamam de "venenos agrícolas", pois são produtos químicos que podem causar várias formas de agressão, tanto aos insetos e animais, quanto para o ser humano, do ponto de vista da contaminação e da intoxicação.

Com tantas inovações na área agrícola para aumentar a produtividade, prejuízos à natureza podem aparecer, considerando que a área visa o lucro acima das questões sustentáveis. "A agricultura convencional é isso, é uma busca incessante por altas produtividades e, com base nisso, o lucro. Precisamos ter tanta produção?", questiona o doutor em Agronomia e docente na Universidade Estadual do Norte do Paraná, Rogério Macedo.

A questão deste tipo de produção abrange, além dos alimentos e frutos que uma produtividade em larga escala fornece, problemáticas ambientais, como queimadas e destruições. Em 2020, em meio a uma crise de saúde global, no Brasil os incêndios ambientais não pararam. Em 2019, mais de 900 mil hectares da Amazônia foram queimados e, durante o primeiro ano da pandemia, foram mais de três milhões de hectares incendiados no Pantanal. Tais crimes possuem grande ligação com a prática do agronegócio, de acordo com o pesquisador.


A produção paranaense

O estado do Paraná é um dos mais citados quando o assunto é agronegócio, pois a região é favorável para o plantio. Com base nos dados do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), em janeiro de 2022, municípios como Guarapuava, Toledo, Tibagi e Cascavel estão entre os mais ricos em agronegócio no Brasil, por conta da produção de grãos como a soja, o trigo e a cevada, além do abate de porco e frango.

Macedo explica que, para a economia paranaense, é indiscutível a importância do agronegócio, considerando que 34% do PIB do estado vem desse setor, assim como para o Brasil, que possui 25% da economia voltada para a área agrícola. "O IBGE tem uma metodologia que classifica os municípios como urbanos e rurais. O estado do Paraná tem 399 municípios, de 85 a 90% deles, o IBGE classifica como municípios rurais, ou seja, a economia local é altamente dependente do que acontece no campo", argumenta. Entretanto, mesmo que seja uma fonte econômica notória, ainda há a necessidade de debater os processos utilizados nesta forma de produzir, de acordo com o professor.

Foto/Reprodução: Buscar Rural


Alternativas sustentáveis

Entretanto, isso não significa que não haja quem está tentando mudar esta realidade para uma perspectiva mais sustentável e que continue favorecendo a economia. O Paraná Mais Orgânico é um programa desenvolvido no estado com o intuito de auxiliar produtores familiares e de pequenas empresas a conseguir realizar uma produção mais orgânica. Hoje, o estado é um dos que possuem a agricultura mais sustentável no país, salienta o pesquisador. "O estado do Paraná é um exemplo para o Brasil, seja pela sua história agrícola, seja pelo fato de que 85% da agricultura do estado é feita por agricultura familiar, em qualquer região do estado que você for, encontrará agricultura familiar", constata. Ele participa do programa como professor orientador em conjunto às universidades estaduais do Paraná.

Outra perspectiva que ganha força nos últimos anos é a agrofloresta, um sistema de plantios sustentáveis e que faz a recuperação vegetal e do solo. Comumente chamado de SAF, o Sistema Agroflorestal vem sendo desenvolvido como uma ciência nos últimos anos, de acordo com o Instituto de Permacultura, para ajudar os agricultores a incrementar a produtividade que o agronegócio preza, além de rentabilidade e sustentabilidade nessas terras.

Esse sistema de produção se inspira no que a natureza sempre fez: solo sempre coberto pela vegetação, com vários tipos de plantas, além de não sofrer problemas com pragas ou doenças, o que dispensa o uso dos venenos agrícolas. Na agrofloresta, há a mistura de culturas anuais, leguminosas, árvores frutíferas, criação de animais e a agricultura, muitas vezes, familiar. 


Para se aprofundar no tema agrofloresta, acesse a matéria "O que é a agrofloresta?" disponível em nosso site. 


Se você quiser ler a pesquisa de Anderson David Gomes dos Santos, que cita o pesquisador Souza Filho, acesse o artigo:

https://seer.ufs.br

Descubra mais sobre o projeto Paraná Mais Orgânico, a partir do perfil no Instagram:

https://www.instagram.com/parana.mais.organico/


Ambiente-se - Um espaço para discutir agrofloresta
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