Consórcios agroflorestais
Os sistemas agroflorestais trazem muitos benefícios para a natureza. Porém a plantação dos consórcios exige muitos cuidados e apresenta limitações, dependendo do clima.
Foto: João Rafael/Cedeteg
O que são os consórcios agroflorestais?
Por Julia Sansana
Consórcios agroflorestais são cultivos de plantas e árvores, podendo ser nativas ou exóticas. A escolha das plantas e árvores que serão plantadas em cada região do país variam muito por conta do clima. Na região sul, por conta do clima mais frio, as espécies mais utilizadas para a plantação dos consórcios agroflorestais são a erva- mate e a araucária. "O clima limita muito os tipos de plantas e árvores que podem ser plantados. Então, na região sul do país, nós não conseguimos plantar, por exemplo, banana, café e cacau, porque não resistem ao clima frio. Nas regiões mais frias, nós precisamos trabalhar somente com espécies que são originárias dessas regiões mesmo", explica o professor de Agronomia da Unicentro e especialista no plantio com erva-mate, João Rafael Freitas de Oliveira.
Nas regiões mais quentes do país, a diversidade de consórcios agroflorestais é muito maior por conta das altas temperaturas. No nordeste brasileiro, por exemplo, existem plantações de banana, cacau e frutas cítricas. Porém, uma desvantagem dos lugares com temperaturas mais elevadas é que o ar não é tão úmido e isso pode prejudicar a plantação de algumas espécies. "Nas regiões mais quentes do Brasil, a variedade de plantas e árvores que podem ser usadas nos consórcios florestais é muito maior do que na região sul, por exemplo. Os plantios aqui do sul são muito mais limitados, porém eles apresentam muita qualidade por conta do ar mais úmido", explica o professor.
Projeto gráfico feito antes da plantação do consórcio agroflorestal. Todos os lugares que estão marcados em amarelo vão ser usados para plantação de erva- mate.
Variações no clima
Em algumas regiões do Paraná, existe o que é chamado de microclima. Esse fenômeno é muito comum perto dos rios, onde a temperatura fica mais elevada enquanto nas áreas mais afastadas a temperatura fica baixa. "Esse fenômeno, chamado de microclima, possibilita que plantios de plantas e árvores mais comuns nas regiões mais quentes do país possam ser feitos nas regiões mais frias, perto desses rios onde a temperatura é um pouco mais elevada. Nesses lugares, é possível vermos plantações de banana, cacau e café", ressalta João Rafael.
A plantação dos consórcios agroflorestais é uma opção de fonte de renda. No sul, por meio da venda da erva-mate e do pinhão. Nos estados mais quentes do país, como a variedade da plantação é maior, a renda adquirida por quem possui as plantações agroflorestais também é maior.
Para que o plantio desses consórcios agroflorestais possam ser realizados, é necessário um terreno com grande espaço, como fazendas e chácaras. Não é comum a plantação de agroflorestas nas áreas urbanas, a não ser que seja feita em algum parque com muito espaço e vegetação, "Para as pessoas que querem fazer esses plantios agroflorestais em casa, elas precisam saber que é necessário um grande espaço, um terreno de no mínimo 45 mil metros quadrados. O terreno da plantação precisa ser muito grande, porque as árvores e plantas precisam de muito espaço, mas também porque é preciso ter um espaçamento de 40 metros entre uma plantação e outras", explica o professor.
Para que a plantação agroflorestal seja eficiente, é necessário que, antes de plantar as espécies, seja feito um projeto para delimitar em qual lugar do terreno vai ser plantada cada espécie das árvores e plantas, quais espécies serão utilizadas na plantação, quantas de cada espécie e o distanciamento entre cada plantação já é feito nesse projeto prévio. "É muito importante nós fazermos esse projeto em forma de desenho antes de plantarmos de fato, porque sem o projeto é muito provável que aconteça algum erro na hora da plantação e aí é muito mais difícil de consertar".
Os benefícios do plantio agroflorestal
O plantio de consórcios agroflorestais traz muitos benefícios para a natureza, por exemplo, as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos; há menos necessidade de fertilizantes e defensivos; maior conservação de água e de produção de biomassa, além da estabilidade climática. Para a sociedade há uma melhor distribuição da mão-de-obra durante o ano; redução dos custos de manutenção da floresta; maior diversificação e qualidade alimentar e uso racional da sombra para animais e humanos. Quanto aos benefícios econômicos, esse sistema aumenta e distribui as receitas ao longo do ano; diminui a vulnerabilidade dos preços das commodities (produtos) produzidos na propriedade; aumenta a rentabilidade e valoriza a propriedade pela beleza cênica. Entretanto é preciso ter cuidado para realizar a plantação da forma e no lugar correto.
Fotos: João Rafael/Cedeteg
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